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China reage a novas tarifas dos EUA e afirma que “não dará atenção” a escalada comercial

O governo chinês reagiu nesta quinta-feira (17), no horário local, às novas medidas tarifárias anunciadas pelos Estados Unidos. Em pronunciamento oficial, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou que o país “não dará atenção” caso Washington continue, segundo Pequim, com o que chamou de “jogo numérico das tarifas”. A fala ocorre após a divulgação de novas taxas por parte da Casa Branca, algumas chegando a até 245%.

O comunicado inicial do governo americano indicava a aplicação de tarifas elevadas sobre produtos chineses, como parte de uma série de medidas de retaliação. Posteriormente, o documento foi atualizado para esclarecer que as tarifas variam de acordo com os setores atingidos e que não se aplicam de forma ampla, mas sim a produtos específicos.

Entre as tarifas listadas na nova versão do documento estão: uma taxa recíproca de 125%, uma tarifa de 20% relacionada à crise do fentanil e alíquotas estabelecidas com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, que variam entre 7,5% e 100%. A Seção 301 permite ao governo americano responder a práticas comerciais consideradas desleais por países estrangeiros, como barreiras à inovação, violações de propriedade intelectual e transferência forçada de tecnologia.

Segundo autoridades americanas, a China tem adotado condutas consideradas “injustas” em setores estratégicos como tecnologia da informação, automação industrial, veículos elétricos, aviação e engenharia espacial — áreas em que o país asiático tem avançado fortemente nas últimas décadas.

Durante coletiva com jornalistas, o porta-voz chinês Lin Jian minimizou os dados apresentados pelo governo norte-americano e sugeriu que esclarecimentos sobre os números deveriam ser solicitados diretamente aos EUA. “A China manterá sua posição”, reforçou.

Histórico da disputa comercial

O novo capítulo da guerra comercial sino-americana ocorre em um contexto de escalada nas medidas protecionistas adotadas pelos dois países. Em 2 de abril, o governo dos EUA anunciou um pacote de tarifas de 10% sobre produtos provenientes de mais de 180 países, com taxas individualizadas para nações com maiores déficits comerciais em relação aos americanos.

A China foi uma das principais afetadas, com tarifas que chegaram a 34%. Como resposta, Pequim anunciou tarifas do mesmo valor sobre produtos dos EUA. A troca de medidas continuou nos dias seguintes: Washington elevou a tarifa total para até 104% e, posteriormente, para 145%. Em resposta, a China também reajustou suas taxas, chegando a até 125% sobre produtos norte-americanos.

O presidente Donald Trump afirmou, na ocasião, que as tarifas eram uma forma de “proteger a segurança nacional” e buscar “equilíbrio no comércio internacional”. Apesar da retórica firme, a Casa Branca sinalizou abertura para negociações, desde que haja interesse da China. Segundo a secretária de imprensa, Katherine Leavitt, “a porta segue aberta para um acordo”, mas “é necessário que a China também esteja disposta a dialogar”.

A guerra comercial entre os dois países já dura anos e tem implicações significativas para cadeias globais de produção, investimentos e estabilidade econômica internacional.

Foto: Tingshu Wang/Reuters